sábado, 20 de março de 2010

Portaria de condomínio segura

Condomínio (do latim condominium) significa direito de propriedade exercido em comum, em conjunto com outros proprietários. Há condomínios verticais, os chamados edifícios, que podem ser desde uma edificação com três ou quatro andares sem estacionamento e sem elevador até uma torre com 30 andares, com três subsolos de garagem, elevadores e heliponto. Ainda há os condomínios horizontais. A ocupação pode ser comercial ou residencial.
Segundo estatísticas oficiais, 90% dos acessos indevidos acontecem pela portaria, sendo que o aumento deste tipo de ocorrência se deve ao fato dos marginais perceberem a oportunidade e observarem o local, visando descobrir as principais vulnerabilidades. Avalia o numerário (quantia em dinheiro) que pode conseguir, pensa no que pode dar errado. Imagina que, eventualmente, pode ser um pouco difícil adentrar, porém quando estiver lá será mais fácil render um condômino, o zelador ou o porteiro. Caso não consiga achar fraquezas no sistema de segurança, certamente o marginal desistirá de seu intento e o condomínio escapará de ser mais um número nas estatísticas, sem falar no estresse dos que passariam por esta situação e o risco de vida. A segurança não pode ser elaborada em cima de palpites ou de "eu acho que...", desta forma, o condomínio até pode parecer que é seguro, entretanto uma pessoa com visão mais apurada sobre segurança poderá facilmente detectar alguma falha e, como costumamos dizer, este é o modus operandi dos ladrões. A eles cabe observar o ponto mais fraco e agir em cima desta situação. Quando ocorre de várias pessoas entrarem sem serem incomodadas, é sinal que a segurança é nula.
A primeira coisa a ser feita é conscientizar-se de que segurança é responsabilidade de todos. Não adianta pensar que o síndico é o único responsável por esta e outras situações, quando somente um rema e os demais cruzam os braços ou agem na direção contrária. É uma lei da física, infelizmente, e isso fará com que o síndico perca o domínio da situação ou não consiga fazer com que o sistema funcione com a eficiência necessária. Deve-se quebrar este paradigma, pois não é certo e pode propiciar um assalto. É muito cômodo esperar que uma pessoa resolva os problemas, sendo que todos sabem que, quando se mora em um condomínio, deve haver um consenso coletivo para se alcançar a tranquilidade almejada. Para garantir a segurança de seu condomínio, o ideal é que os porteiros sejam idôneos, treinados e qualificados para atuarem dentro das normas de segurança. Entretanto, atualmente não é tarefa fácil encontrar mão-de-obra qualificada, desta feita, a melhor saída é o condomínio contratar uma empresa especializada neste tipo de prestação de serviço.
Contudo, a segurança não deve se restringir apenas à contratação de funcionários habilitados. É imprescindível que os condôminos conheçam e pratiquem as normas de segurança para evitar que os marginais tenham acesso ao local.
Geralmente encontramos situações que dificultam e inibem a correta atuação dos porteiros. Por exemplo: quando uma pessoa chega e informa que veio visitar determinado condômino, o porteiro que a atende lembra que, por diversas vezes, já foi advertido pelo condômino Sr. Fulano de Tal, e até de forma ríspida, que ele trabalha ali para facilitar a vida das pessoas e não para dificultar e que quem paga o seu salário é ele próprio; ou ainda é advertido por deixar os visitantes esperando do lado de fora num dia chuvoso. É nesse instante que o funcionário abre o portão e pensa se vai avisar ou não, via interfone, que uma visita está subindo, pois ninguém gosta de levar uma bronca sem motivo.
Por outro lado, alguns condôminos entendem que estão exercendo seu poder censurando as ações do porteiro mas, infelizmente, na verdade está sendo criada uma condição insegura que propiciará a vulnerabilidade certamente desejada pelos ladrões. Quando o porteiro adota esta postura, em virtude da situação imposta pelos próprios condôminos, seja por respeito ou medo, joga no lixo todo o treinamento e orientação que recebeu, colocando toda coletividade que reside no prédio em perigo. Infelizmente essa ação insana, por diversas vezes, já foi a principal responsável por ocorrências de roubos em condomínios. O porteiro alega que abriu o portão porque achou que a pessoa parecia honesta. Lembre-se, que a segurança não pode ser guiada pelo critério empírico e aleatório do "eu acho que...". A segurança deve ser regida e orientada por procedimentos e parâmetros claros. Somente desta forma é possível inibir e dissuadir uma tentativa de assalto ou um crime. Nunca se deve permitir o acesso de uma ou mais pessoas sem anunciar ao respectivo condômino, passando-lhe o nome da visita. Caso seja um prestador de serviços, devem ser fornecidos: nome, número do documento de identidade (RG) e o nome da respectiva empresa. Até este momento, a visita não foi informada se o condômino está ou não. A portaria para pedestres (social e de serviço) deve possuir uma comporta/eclusa cujo objetivo é não permitir um acesso direto ao interior do prédio, pois enquanto uma porta se abre a outra permanece fechada. Eventualmente, caso os condôminos ou os porteiros abram as duas de uma só vez para facilitar as coisas, pode-se instalar um equipamento que bloqueie a liberação simultânea dos dois portões. Este mecanismo pode ser aplicado ao acesso de veículos, de forma idêntica ao de pedestres. É possível instalar uma lâmpada para facilitar ao condômino a visualização de qual portão está sendo aberto ou fechado. Na opinião de especialistas em segurança, o condômino deve ter o controle remoto do portão externo e o porteiro ou o vigilante deve controlar o portão interno. Pode ser instalada uma campainha que soe enquanto o portão interno estiver aberto, de forma a evitar que o porteiro esqueça de fechá-lo. Quando o portão se fecha automaticamente é bom que seja instalado um sensor de presença, visando evitar acidentes ou danos em veículos durante o fechamento. É extremamente importante que o funcionário da portaria tenha visão clara dos acessos de pedestres e de veículos ou, caso isto não seja possível a olho nu, deve-se instalar câmeras de CFTV e respectiva iluminação para superar a deficiência. Também deve haver um passa-volumes ou malote giratório, de forma que o entregador não tenha contato físico com o funcionário do condomínio. O tamanho adequado deve permitir a passagem de uma pizza, de uma caixa, uma pilha de jornais, revistas, de um buquê ou um vaso de flores. Já existem no mercado modelos até blindados. A portaria deve dispor de uma linha direta para acionar a Polícia Militar (fone 190), no caso de suspeita ou concretização de algum delito ou contravenção. É importante que exista um botão de pânico portátil atrelado a uma central na empresa de segurança para acionamento e verificação da situação por contato telefônico ou rádio (truncking digital ou outra frequência), iniciando um contato com senha e contra-senha e o envio de uma equipe para apoio no local.
Na portaria pode ser instalado um equipamento que acione uma campainha de tempos em tempos (o usuário programa o tempo de intervalo desejado, para verificar se o funcionário dormiu no período noturno).
É muito importante que um especialista em segurança elabore um diagnóstico de segurança, avalie as vulnerabilidades e proponha medidas para eliminar riscos.
Adaptado de Campos Verde (Gestorseg)